sábado, outubro 21, 2006

A SAGA DO GALO!

Sábado! Dia tranqüilo. Muita gente em casa.
Era em torno do meio dia... Mãe e uma filha na cozinha. A outra no quarto...
De repente ela vem eufórica, se juntar às outras comentando:
_É impressão minha, ou isto é uma galinha cacarejando? Estou ouvindo há algum tempo...
E vai para a sacada do apartamento, sexto andar, próximo à segunda avenida.
_É mesmo, é uma galinha.
_É verdade, mas é “galo”!
Todas acompanham com olhos ávidos, o passeio da ave desnorteada, no meio da rua.
_Tadinho... Tá perdido! Tá chorando porque não sabe onde está.
 _Dã... Tá cacarejando como todo galo faz...
_ Mas ele tá perdidinho... Coitado!...
Na rua já se juntavam algumas pessoas a olhar para a pobre ave perdida. Nas sacadas dos prédios próximos também se amontoavam adultos, crianças e até cachorros em grande alvoroço. Aos poucos o cenário ia ficando mais e mais animado. Eis que surge um homem de azul, um tanto atarracado... Vai se aproximando do galo, bem devagar tentando ganhar sua confiança... (ou para não pagar mico diante de tantos espectadores?). O bicho se esquiva desconfiado. Cacareja ainda mais alto, tentando chamar a atenção de quem o salve... Outro homem da vizinhança, que também observava a saga do galo, traz um punhado de milho... O homem de azul vai oferecendo o milho e chamando o bicho... Alguém solta um foguete nas imediações. Todos se assustam, o galo não! O homem do milho ajuda o homem de azul.Cercam o galo. Um terceiro se aproxima e fica assistindo sem se mexer. Parece com mais medo que o galo. O galo corre em direção à avenida... Cercam-no para que ele não chegue lá. Vem um carro e quase o atropela... Quase atropela também o homem de azul, que não desiste do galo... (nem que morra!) O galo para. Espera! Os homens o cercam... A platéia assiste entusiasmada... E finalmente o galo é capturado! Ninguém aplaude... O homem atarracado, de azul, sai com o galo gritante debaixo do braço. Leva-o para uma loja de computadores próxima dali. O povo vai dispersando... Parece decepcionado!
 _Será que o galo vai pra panela?
 _Será? Tadinho...
 É... São coisas de cidade, que nem é tão grande. Se fosse no interior, quem se importaria com o galo?

2 comentários:

Anônimo disse...

é ... apesar de massas difirentes, todos, seres vivos, temos sempre algo em comum. Muitas e muitas vezes, senti-me como um "galo perdido" em meio a correria de uma cidade, sem saber onde estou, para onde vou, acuada pelos homens, pelos medos que se aproximam sem piedade. Os perigos rondando, nem um rosto conhecido, nenhuma alma boa, nenhuma mão acolhedora... qual será este desfecho? Ou me torno um galo urbano ou morro como os galos interioranos. Será melhor tornar-me duro e frio? ou morto, mas tendo vivido feliz?
Ivete, tua alma continua questionando as coisas simples e verdadeiras da vida. Sei que também te sentes um galo em muitos momentos.

Ivy disse...

É, sem dúvida muitas vezes também me sinto o "Galo Perdidinho"...Com muito medo, me debatendo muito...E nessas horas queria estar no meu quintal do interior...